Fazer, sem ser perfeito.
Recentemente tenho discutido muito sobre procrastinação, respondendo a comentários sobre meu último livro.
E a cada conversa confirmo minhas percepções e conclusões, aprendo outras coisas. E isso ajuda a todos terem uma visão mais atual. Primeiro as conclusões ou teses, depois dou as explicaçoes ou motivos que nos levam a elas.
Primeiro: buscar cada vez ser melhor, fazer o melhor, ser inquieto e almejar a perfeição, isso é positivo. Ser perfeccionista, não é.
Artigo e episódio de um Podcast da BBC que parece que vai dizer que a mediocridade é bom, pelo título, e devemos nos acomodar sendo medíocres. Mas mostra outra coisa. Em “As vantagens de aceitar ser mediano em vez de excepcional” voce acaba encontrando onde o autor nos traz para o lado intrigante:
Thomas Curran, professor de psicologia e ciências do comportamento da London School of Economics (LSE) e autor do livro The Perfection Trap (“A armadilha da perfeição”, em tradução livre) diz para o autor da reportagem:
“O perfeccionismo socialmente prescrito nos torna obstinadamente hipervigilantes sobre o nosso desempenho em relação a outras pessoas”, explica ele. Geralmente, não consideramos o perfeccionismo como uma falha. Nós achamos que precisamos dele para ter sucesso.
“Na verdade, observando os dados, você percebe que o perfeccionismo não tem absolutamente nenhuma correlação com o sucesso”, explica o professor.
Pelo contrário: o perfeccionismo pode ter diversas desvantagens.
“Prevenção, contenção, procrastinação”, afirma Curran.
Podemos ter tanto medo de não parecer perfeitos que acabamos não tentando. O perfeccionismo não é “o segredo do sucesso que muitas vezes pensamos erroneamente que seja”. É não é só questão de nos tornar ineficientes. “O perfeccionismo socialmente prescrito pode ter profundos impactos sobre a nossa saúde mental”, afirma Curran. Pesquisas demonstram relações entre o perfeccionismo e o aumento dos níveis de depressão, ansiedade e burnout.
No meu livro A melhor viagem da sua vida: derrote a procrastinação eu procuro explicar que procrastinar nada deve a técnicas de gerenciamento de tempo, preguiça, incompetência ou falta de consciência. Sabemos exatamente o que vamos procrastinar, e nosso subconsciente sabe porque vamos fazê-lo. Algumas vezes temos plena consciência dos motivos lá no fundo da nossa psicologia.
Precisamos ser um bom negociador – e negociar com nós mesmos para colocar na agenda as coisas que vêm sendo adiadas. Somos as únicas pessoas capazes de vencer essa negociação. Porque temos que escolher o caminho de fazer.
Para o bem da nossa saúde. Da nossa empresa, nossos colegas e colaboradores. Há inúmeras coisas que um sócio ou gestor tem que colocar na pauta do negócio, e que vem adiando. Por isso falham tentativas de Consultorias e outros parceiros externos ao negócio, quando tentam trazer prioridade para temas de Governança, Planejamento Estratégico, Maturidade de Gestão, Diagnóstico profundo e Valuation da Empresa com seus desdobramentos para o caminho da perenidade.
A barreira maior pode estar ligada ao perfeccionismo. A vergonha de não estar preparado(a) ou o medo de se descobrir medíocre em algum campo, Pior: o medo de não ser perfeita(o). O que é um absurdo, pois se prova que o feito é melhor que o perfeito. E que a perfeição não é requerimento para o sucesso.
Boa leitura, um 2024 de muito sucesso a você, leitor assíduo de nosso espaço.
2 Comentários
Um empresario amigo meu disse que um obstaculo a pedir ajuda a uma consultoria pode ser a vergonha. Vergonha de nao ser perfeito? Quem seria perfeito? Abandone essa idéia. Vivemos com imperfeições. Faça o melhor que você pode e já está bom demais!
Melhor o FEITO que o PERFEITO!